Publicada em: 15/02/2013
Estudantes se despediram de familiares e amigos na semana passada e partiram rumo à cidade de Kursk
Um grupo de 27 estudantes brasileiros, com idades entre 17 e 23 anos, se despediu da família e dos amigos na semana passada para realizar o sonho de cursar medicina na Universidade de Kursk, na Rússia. Os jovens de Minas Gerais, São Paulo, Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo, Santa Catarina, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul foram selecionados para fazer a graduação fora do país pela Aliança Russa, representante oficial das principais universidades russas no Brasil.
No aeroporto, a estudante Pâmela Helen, de 20 anos, vinda de Manaus, estava acompanhada de Thais Papueli e Alis Mariane, que viajaram mais de 4 mil quilômetros para se despedir da amiga. Apesar das saudades que certamente irão sentir, as meninas apoiam a decisão. “Ela está feliz, realizando um sonho”, justifica Alis. Pâmela, que estudava química, não gostava do curso. “Eu sempre quis fazer medicina, mas nunca tive oportunidade. No meio do ano passado, um amigo me falou das vagas e essa foi a minha chance”, conta.
Sozinho para o embarque em São Paulo, o estudante Gustavo Silqueira Reis, 18, despediu-se da família em Brasília. “No aeroporto estávamos eu, meus pais e minha avó, que veio de longe para a minha partida. Chegamos cedo para o embarque, comemos, e matamos um pouco a saudade por lá mesmo”, disse o aluno, que pretende voltar ao Brasil no final do ano, quando as aulas entram em recesso, para visitar os pais.
O pai do estudante Matheus Vaz, Robério Vaz, usava óculos escuros para esconder as lágrimas. Ele e a família vieram de Divinópolis, Minas Gerais, para o embarque do caçula. “O que nós esperamos mesmo é que esses seis anos pareçam seis meses”, disse o pai. O irmão mais velho de Matheus, André Camargo, cursa medicina no Brasil. “Meu irmão está tendo uma oportunidade para poucos. Estudar medicina aqui já não é fácil, na Rússia e em outro idioma, será um desafio ainda maior”, alerta.
A estudante Vanessa Oliveira da Silva, 17, de Ribeirão Pires, espera voltar da Rússia formada. “É o meu sonho que vai se realizar. Vou me dedicar muito e rachar de estudar para que isso aconteça”. Ao falar da família, Vanessa se emociona. “Vou sentir muitas saudades, mas sei que vai valer a pena”, disse.
Carlos Telles, pai da aluna Bárbara Telles, de 20 anos, estava receoso. “Ela nunca saiu de casa para ficar tanto tempo só. Estamos preocupados com o desempenho e com o comportamento dela sozinha, mas esperamos que ela consiga ter sucesso”, conta. Já a estudante estava ansiosa. “Estou na maior expectativa. Espero que muitas coisas boas aconteçam, embora haja dificuldades. Agora é só pedir a Deus para que tudo dê certo”, disse Barbara.
Para diminuir a distância da família, os estudantes pretendem conversar por meio da Internet e, alguns deles, já têm viagem marcada para visitar os pais nas férias escolares.
Estudo reconhecido
A Aliança Russa é representante oficial das principais universidades russas no Brasil desde 2005. O trabalho do órgão consiste na seleção dos candidatos, no processo de orientação da faculdade, no recolhimento da documentação necessária para permanência legal do estudante na Rússia, na obtenção da vaga, inscrição na universidade e na assessoria durante a viagem até a chegada do estudante ao local de destino.
O candidato interessado em estudar na Rússia passa por um processo seletivo avaliado pela universidade de escolha e administrado pela Aliança Russa, que inclui reunião com os pais, análise de histórico escolar e currículo, tudo para garantir que o aluno se encaixe no perfil da faculdade.
Ao voltar para o Brasil, o estudante submete o diploma adquirido ao processo de reconhecimento em uma universidade brasileira, um procedimento padrão para qualquer brasileiro que faça graduação em centros de ensino estrangeiros. Desde 2010, o chamado Diploma Único de Estudos Superiores da Europa, do qual a Rússia faz parte, passou a valer conforme o Tratado de Bolonha, cujo objetivo é facilitar a mobilidade dos estudantes e profissionais do ensino superior da Europa.
Fonte: Eu Estudante