Publicado em: 21/02/2013
Dificuldade de aprendizagem abre o Ciclo de Palestras 2013
O Centro Educacional Leonardo da Vinci iniciou nesta semana (18, 19 e 20/02), na Unidade Taguatinga, o Ciclo de Palestras 2013. A primeira palestra abordou o tema "Dificuldade de aprendizagem: dificuldade para quem?", ministrado pelo professor Dr. Cristiano Alberto Muniz, bacharel e licenciado em Matemática pela UnB (1982) e doutor em Sciences de l'Education pela Université Paris Nord (1999).
Consultor de Educação Matemática do Ensino Fundamental da escola desde 2004, Cristiano explicou que a dificuldade de aprendizagem é uma preocupação geral das famílias. “A tendência inicial dos pais é querer que seus filhos não tenham problemas para aprenderem os conteúdos. Problemas que, inclusive, os próprios pais tiveram. Porém, as dificuldades são inerentes ao próprio processo educativo. Além do mais, não podemos querer projetar os obstáculos que tivemos enquanto alunos nas nossas crianças. Elas têm outra forma de pensar”, observou.
O consultor lembra a visão dos teóricos de que só há aprendizagem quando existem desafios e situações de desestabilização. “A dificuldade não deve ser um elemento que crie obstáculos para o desenvolvimento educacional. Pelo contrário, ela deve ser um alicerce que leve o sujeito a agir cognitivamente. O problema é que nós, muitas vezes, queremos impor a nossa forma de pensar, as nossas lógicas, as nossas verdades. E elas, as crianças, têm outra visão do mundo, outra maneira de raciocinar e estruturar seus pensamentos lógicos”, argumentou.
O professor observa que, quando tentam impor o pensamento deles como o certo, os pais automaticamente negam a forma de pensar da criança e, com isso, acabam gerando, de fato, a dificuldade. “Eu, enquanto pesquisador, penso que os alunos mais críticos, mais criativos e mais provocadores são os que são considerados pela família ou pela escola em situação de dificuldade. O nosso papel e o da família é colocá-los em cenários desafiantes, porque é exatamente nessas condições que vão efetivamente se constituir. Então, a conclusão é: venha, dificuldade”.
O doutor em Ciência da Educação destacou que a participação dos pais nessas palestras é fundamental. “Só há uma forma de fazer educação: no coletivo. Não é adequado que seja concebido um processo educativo no qual a escola constrói um projeto em uma direção e a família em outra”. Cristiano acrescentou que o momento é uma oportunidade para o colégio conhecer melhor como os pais orientam a educação dos filhos e para os pais conhecerem o Projeto de Educação Matemática, um dos projetos pilotos do Leonardo da Vinci.
Quebrando a resistência
A família de Matheus Batista, do 1º ano do Ensino Fundamental da Unidade Taguatinga, saiu da palestra satisfeita. O pai, Wellington Albino, ficou impressionado com a diferença do método de sua época e o de hoje em dia. “A realidade dos nossos filhos é outra e, por isso, precisamos nos adaptar e estar sempre atualizados”. Arlete Medeiros, mãe do pequeno Matheus, fez uma interpretação como professora. “Posso comprovar e reafirmar que o jeito das crianças pensarem está se inovando a cada dia. A forma como aprendemos, os nossos pensamentos há 10, 15, 20 anos, é completamente diferente. Elas dão de 10 a zero na gente”, comparou.
Genildo Marinho, coordenador de Matemática do Centro Educacional Leonardo da Vinci, avalia que a Matemática é historicamente mal ensinada. “Há tempos, para alguns, as disciplinas de exatas eram apenas para os mais inteligentes. Infelizmente, essa ideia ainda permanece, ainda que em menor grau. Isso, no entanto, é um engano. O que acontece, na verdade, é que muitos se afastam em função do que não foi bem ensinado e, muitas vezes, têm resistência a estudar a disciplina”.
O coordenador observa que alguns alunos têm trauma, seja por uma dificuldade que se teve nas séries iniciais, seja por causa de algum professor ou da própria escola. “Pensam que é difícil, que não conseguem e desistem de aprender. E é esse estigma que precisamos quebrar. Vejo também que normalmente as escolas ficam desconectadas da vida do aluno. Isso não é bom, porque a matemática não deve ser aprendida apenas para ser aplicada em uma prova. Essa é uma visão ultrapassada. É preciso criatividade para envolver os alunos com questões cotidianas”, acrescenta.
Para desfazer a impressão ruim da Matemática em sala de aula, Genildo aconselha seus alunos que têm dificuldade, sobretudo trauma, a encararem a disciplina como um remédio. “Pode ser amargo em um determinado momento, mas, como remédio, acabará fazendo bem. Também sugiro joguinhos que, além de divertidos, fazem um enorme trabalho mental. Palavras cruzadas, sudoku, desafios, tudo isso aguça o raciocínio e é gostoso. Acaba, inclusive, viciando".
As palestras, destinadas aos alunos do Ensino Fundamental das unidades Norte e Sul, ocorrerão apenas no mês de março.