Publicado em: 12/04/2013
O vestibular do início do ano da Universidade de Brasília (UnB) será substituído pelo Exame Nacional do Ensino Médio, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A decisão foi tomada na reunião do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão da última quinta-feira (11/4) e já passa a valer para o ingresso no 1º semestre de 2014. O Programa de Avaliação Seriada (PAS) será mantido, assim como o vestibular do meio do ano.
De acordo com o decano de Ensino de Graduação, Mauro Rabelo, com a mudança, a universidade vai alcançar a meta de 25% das vagas anuais para o Enem - o Sisu também usa o exame como forma de seleção -, como decidiu a maioria das unidades acadêmicas. Esse percentual corresponde a quase 2,1 mil vagas. Os outros 25% permanecem para o PAS e 50% para o vestibular do meio do ano. Para ele, essa decisão democratiza e amplia o acesso à instituição e fortalece a avaliação processual adotada de forma pioneira pela UnB há mais de 10 anos. "Nós sinalizamos com isso o fortalecimento do PAS", afirma.
O estudante Pedro do Prado, 17 anos, não concordou com a adoção do Enem. O decano lembra ainda que a discussão sobre a adoção do Enem teve início há três anos, quando o Ministério da Educação propôs que o exame fosse usado pelas universidades federais como critério para o ingresso dos estudantes. A proposta aprovado ontem pelo conselho começou a ser discutida no ano passado. "A universidade vai fazer, em breve, um edital para avisar a comunidade estudantil, para que aqueles que desejam ingressar na universidade se inscrevam no Enem, em maio", informa Rabelo.
O assunto divide opiniões entre os estudantes que se preparam para ingressar na instituição. O aluno do curso pré-vestibular do Galois, Leonardo Spolidoro, 18 anos, é contra a mudança. "No vestibular da UnB, os requisitos de avaliação são mais elevados que os do Enem. Por isso, se a UnB aprovar alunos pelo Enem, o nível dos estudantes da universidade pode cair, porque vai ser mais fácil passar."
Polêmica na UnB
Entre os universitários, a questão também é polêmica. Uma enquete realizada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) mostrou que a maioria dos universitários é contra a adoção do novo método. A estudante de arquitetura Juliana Carvalho, 19 anos, também não gostou da adoção: "O Enem é um sistema muito falho. Seu histórico não faz jus à UnB".
O calouro de design Pedro do Prado, 17 anos, que ingressou na UnB pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS), reconhece que a mudança vai abrir oportunidades para muita gente, mas assim como Leonardo teme a queda no nível do alunos. "Eu concordaria se o Enem tivesse a mesma qualidade que o vestibular e o PAS".
Marina Ribeiro, caloura de biologia, não acredita que essa queda vai ocorrer. "Não acho que facilitar o acesso vai piorar a qualidade dos alunos, pois a própria UnB não permite". A estudante de 17 anos entrou na UnB sem responder nenhuma questão de matemática do vestibular. Marina, que frequentou a rede pública e sofreu com a falta de professores de matemática no ensino médio, pretende contratar um aluno do curso de exatas da UnB para superar eventuais dificuldades nas disciplinas. "Quem tem interesse, corre atrás", afirma.
Para o aluno da UnB Flávio Vitorino, o Enem vai tirar a pressão de ter que se fazer várias provas. Já o estudante de economia Flávio Vitorino, 23 anos, se preocupa com o número de vagas reservadas para o Enem. "São poucas vagas. Nem todo mundo consegue entrar na universidade logo que termina o ensino médio. Isso diminui as chances de quem está há mais tempo fora da escola". Flávio está cursando a sua segunda graduação, ele se formou em Turismo em uma faculdade particular com uma bolsa conquistada através do Enem.
Seleção unificada
O Sisu é o sistema informatizado do Ministério da Educação por meio do qual instituições públicas de educação superior oferecem vagas a candidatos participantes do Enem. Podem se inscrever estudantes que tiveram nota superior a zero na redação. As inscrições para o Sisu do primeiro semestre de 2013 estão encerradas e o resultado saiu em janeiro deste ano.
Na última seleção, o candidato teve que escolher, no ato da inscrição, se desejava concorrer às vagas de ampla concorrência, às vagas reservadas pela Lei de Cotas para Escolas Públicas, a lei nº 12.711, de 2012 (Lei de Cotas) ou às vagas destinadas às demais políticas afirmativas das instituições.
Fonte: Eu Estudante