O Centro Educacional Leonardo da Vinci foi notícia na Revista Sporte Infratech como escola referência em boa estrutura para a prática esportiva. Confira a íntegra da matéria.
Se as escolas brasileiras costumam ser alvo de crítica pelas condições de suas salas de aula, o coro engrossa quando se avaliam as condições em que muitas mantêm a estrutura para a prática esportiva. No entanto, há bons exemplos a serem seguidos
Não é só em educação básica que a maior parte das escolas brasileiras seriam reprovadas. Além da conhecida falta de recursos humanos e materiais, as escolas ainda deixam muito a desejar quando o assunto é infraestrutura esportiva. De acordo com o estudo “Uma escala para medir a infraestrutura escolar”, divulgado em junho e desenvolvido por pesquisadores das universidades federais de Brasília e Santa Catarina, a maior parte das escolas brasileiras (84,5%) apresenta apenas estrutura elementar ou básica, como água, banheiro, energia, esgoto, cozinha, sala de diretoria e equipamentos como TV, DVD, computadores e impressora.
Apenas 0,6% das escolas apresenta infraestrutura considerada avançada, com sala de professores, biblioteca, laboratório de informática, quadra esportiva, parque infantil, além de laboratório de ciências e dependências adequadas para atender a estudantes com necessidades especiais. Os pesquisadores se disseram surpreendidos com os resultados do levantamento, por reconhecer que um percentual alto de escolas não tem requisitos básicos de infraestrutura, como sala de diretoria, sala de professor e biblioteca.
O levantamento foi realizado com base em dados do Censo Escolar 2011, conduzido pelo prestigiado Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Janaína Marrocos, coordenadora de educação física do Colégio Leonardo Da Vinci, de Brasília, avalia que a realidade é ainda mais alarmante quando se analisa a infraestrutura esportiva das instituições de ensino espalhadas pelo País. “Algumas escolas públicas não contam sequer com uma quadra, tendo muitas vezes que deslocar os alunos para uma praça próxima para a prática de atividade esportiva”, afirma.
A deficiente estrutura da maioria das escolas contrasta em muito com a realidade das escolas particulares e bons exemplos também na rede pública, verdadeiras ilhas de excelência. Bons exemplos Para a presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios, a infraestrutura esportiva das escolas privadas acompanhou a evolução dessas instituições ao longo dos anos. Ainda assim, reconhece que a disciplina continua “brigando” por espaço com as matérias cobradas em vestibular. “Temos hoje o que chamamos de excesso de conteúdo. É dentro da escola que muitas vezes será despertado ou iniciado o interesse por determinado esporte, mas será em uma escolinha ou clube fora da instituição que se conseguirá fazer a maior parte do treino”, diz.
De acordo com ela, é por essa razão que muitas escolas mantêm, paralelamente, escolas de esporte, voltadas aos alunos que pretendem se aprofundar em alguma modalidade esportiva. No colégio paulistano Magno/Mágico de Oz, não faltam atividades esportivas extracurriculares. Além das aulas de educação física, realizadas três vezes por semana, os alunos podem participar no período da tarde de um programa denominado Full-time, que soma 52 atividades, sendo mais de 30 da área esportiva. “O aluno decide o que fazer: aulas de esgrima, hidroginástica, dança de salão ou xadrez”, diz Maurício Tricate, diretor do colégio.
Segundo ele, mais de 70% dos 2,5 mil alunos frequentam, pelo menos, duas vezes por semana o programa. Mas há aqueles que estão matriculados até cinco vezes na semana, numa demonstração de que quando as atividades são oferecidas há uma grande adesão dos alunos. Segundo o diretor, a chave do sucesso está no tamanho da infraestrutura voltada à prática esportiva, que ocupa mais de 30% de toda a estrutura física do colégio. As três unidades, no seu conjunto, contam com piscinas cobertas e aquecidas (uma semiolímpica), quadra coberta, ginásios aberto e para ginástica olímpica e circo, além de salas de dança e de ginástica, entre outros itens.
Mas apenas estrutura física não é suficiente, é necessário pessoal capacitado, conforme aponta o diretor do Magno/Mágico de Oz. “Já pensamos em oferecer novas atividades, mas não encontramos professores com o perfil exigido”, revela. Quem já tem uma boa infraestrutura busca aperfeiçoá-la. A coordenadora Janaína Marrocos ressalta a importância das áreas abertas para o contato com a luz do sol, mas reconhece a necessidade de assegurar as práticas esportivas independentemente das condições climáticas. “Por isso, a prioridade em muitos colégios está sendo a de optar por cobrir as quadras poliesportivas”, explica. “Hoje trabalhamos com os dois modelos: quadras cobertas e descobertas, mas avaliamos a possibilidade de cobrir todas elas”, conta.
O sonho dos educadores é um dia universalizar o acesso ao esporte nas escolas, quer públicas, quer privadas, em condições adequadas. Até lá ainda há um longo caminho a ser trilhado, haja vista a distante realidade que separa esses dois universos. A expectativa é que os grandes eventos programados para os próximos anos ajude a despertar a atenção para o tema, afinal, mais do que preparar futuros atletas para competir, a educação física é uma ferramenta de inserção e socialização, além de indutora de benefícios para a saúde do aluno. “Procuramos desenvolver atividades que permitam a integração. Ensinamos a lidar com diferenças, limitações e a trabalhar em equipe”, conclui a professora do colégio brasiliense. Mesmo que raros, há também bons exemplos na rede pública.
Em São Paulo, os Centros Educacionais Unificados (CEUs), que estão completando dez anos, tornaram-se ilhas de excelência. Eles funcionam como complexo educacional, esportivo e cultural e estimularam a replicação do conceito em outras regiões do País. Em 2013 foram inaugurados CEUs em Toledo e Pato Branco, no Paraná. Mas a ideia é que, até o final de 2014, sejam abertas entre 80 e 100 unidades pelo País.
Na capital paulista funcionam atualmente 45 unidades do CEU e um Centro de Convivência Educativo e Cultural, todos localizados em regiões carentes da cidade. Esses complexos possuem, além dos centros de educação infantil e escolas municipais de educação infantil e de ensino fundamental, estrutura com quadra poliesportiva, teatro, playground, piscinas, biblioteca, espaços para oficinas, ateliês e reuniões. Não só as crianças desfrutam do espaço, como estes são abertos à comunidade, inclusive aos finais de semana. Nos CEUs, há desde aulas tradicionais de futsal, vôlei, basquete e natação até alongamento, tae kwon do, ginástica rítmica, ginástica artística, tênis de mesa, dança, entre outras.