Publicação: 14/11/2013
O linguista brasileiro Ernani Pimentel irá apresentar em Portugal, a partir de sexta-feira (15), um projeto para simplificar o idioma português, que conta com uma página na internet, na qual estudantes e professores podem fazer sugestões. A página Simplificando a Ortografia visa estabelecer o "diálogo" sobre o tema e "abrir um ponto de debate para que representantes de todos os países de língua portuguesa possam emitir sua opinião", explica Pimentel.
O linguista, que é presidente do Centro de Estudos Linguísticos da Academia de Letras de Brasília, liderou o movimento "Acordar melhor", que resultou num livro em 2008, com críticas ao Novo Acordo Ortográfico, e conseguiu 23 mil assinaturas contra as novas regras. O abaixo-assinado foi enviado à Comissão de Educação do Senado brasileiro e resultou no adiamento da obrigatoriedade do novo acordo no Brasil de janeiro de 2013 para o mesmo mês de 2016. "Agora partimos para o plano internacional, com o 'Simplificando a Ortografia'. Não nos interessa jogar pedras, mas buscar medidas conciliatórias e evolutivas. A nossa intenção é adequar o acordo antes que ele seja obrigatório", afirma.
A reunião conjunta de sugestões ocorrerá até o fim do primeiro semestre de 2014, para que o documento possa ser apresentado em setembro do mesmo ano, quando será realizado um simpósio linguístico-ortográfico da língua portuguesa, em Brasília (DF).
O linguista chegará a Portugal no dia 15, e fará uma conferéncia na Assembleia da República. Ernani Pimentel afirmou que estará disponível para conversar também em universidades, academias de letras e escolas de segundo grau. Entre os dias 25 e 28 de novembro, também estará no país o professor brasileiro Pasquale Cipro Neto.
Pimentel critica alguns pontos do Novo Acordo, como o uso hífen. Segundo o linguista, não existe qualquer lógica nas opções. Exemplo disso é o caso de super-humano ser grafado com hífen, e desumano não. "Hoje o aluno não acredita somente na palavra do professor, mas quer que ele o ajude a pensar e a entender. Precisa haver lógica", disse.
O linguista também se diz contrário à queda do acento diferencial (como em pode e pôde), e às atuais regras de uso do j e do g. "A simplificação irá melhorar a compreensão geral da língua, tanto para entender um texto como para escrever e os outros compreenderem", acrescentou Pimentel.