Publicação: 20/11/2013
Meados de novembro. Estudantes estão contando os dias para a chegada das férias, fazendo planos e lamentando ainda ter que enfrentar as provas finais. Estão tranquilos com os resultados. Não correm o risco de ficarem em recuperação ou, o que é pior, retidos no mesmo ano escolar.
Nem todos se encontram nessa situação. As avaliações que estão por vir podem interferir no planejamento das férias para boa parte deles: dependendo dos resultados, vão para a recuperação. Mas isso é só um detalhe da história. Após meses de dedicação aos estudos, com resultados pífios, a sensação é a de que aprender e tirar notas suficientes é uma missão impossível. É o que costumamos chamar de falta de confiança em si ou baixa autoestima, que atrapalha ainda mais a situação.
Observo, com frequência, que os alunos em geral não sabem estudar, o que é mais comum entre aqueles que não conseguem boas notas. Costumam estudar passando rapidamente os olhos sobre o conteúdo, no máximo procurando entendê-lo. Já vi alguns usarem esta estratégia com a matemática. Desconfio de que a configuração atual do mundo tem colaborado para isso – bastou um clique para termos as respostas ao nosso dispor. Tudo é muito rápido, sem muito esforço.
Ler e entender é o começo de tudo. Aprender, porém, exige elaboração do que foi lido e memorizado. Esta, se a princípio exige um empenho maior, aos poucos, com treino e exercício, torna-se algo mais rápido e sem grande esforço as atividades são realizadas. Como andar de bicicleta: pensamos muito antes de dar a primeira pedalada, depois de muito treinar, simplesmente saímos pedalando. A memória está ali.
Pois bem, nesta reta final, para os alunos que correm riscos, é importante não só saber o que vai cair na prova e dar uma rápida olhada, compreendendo um pouco os conteúdos – é preciso exercitar o conhecimento. E muito.
Lembro-me de uma criança que acompanhei e que, apesar de muito inteligente, tinha resultados bem fracos. Caso falássemos em fração, por exemplo, ela parava, pensava e dizia saber. Ao fazer os exercícios, ficava claro que os sabia pela metade: reconhecia as operações envolvidas, mas não sabia quando usá-las. Após realizar vários exercícios, passou a discriminar quando usar uma ou outra. O mesmo aconteceu com a rosa dos ventos. Depois de montar várias, compreendendo a princípio como era feita (a compreensão é importante), é que passou a nomear e a identificar onde cada ponto ficava. Isso é estudar.
E para tirar boas notas é preciso estudar bastante, no sentido de suficiente. Uns mais, outros menos. O que vale para todas as matérias.
Os textos de história, geografia e ciências precisam ser lidos, compreendidos e relidos várias vezes. Os pais podem ajudar montando questionários ou testes para que sejam respondidos pela criança. Português também. As regras têm que ser compreendidas, memorizadas e treinadas com exercícios. O mesmo com a matemática, química e física.
Não é fazer um exercício de cada tipo, mas vários, de modo a propiciar o entendimento e a memorização de como deve ser feito. Conseguir realizá-los sem grande dificuldade possibilita a satisfação e a segurança de que realmente se sabe a matéria, aumentando a chance de fazer uma boa prova.
O papel dos pais é fundamental. Eles devem organizar um ambiente tranquilo, um tempo determinado e que não concorra com passeios ou outras atividades mais prazerosas. É necessário que estejam à disposição nesse momento crucial para dar um suporte – oferecido, por sua vez, sem o componente da irritação e de lembrar o filho de que o pai poderia estar fazendo algo melhor, mas está disposto a se sacrificar. O momento é para a criança sentir que está amparada e que, sim, os pais torcem e acreditam nela.
Por Ana Cássia Maturano, colunista de Educação do G1: "Dicas para pais e filhos"
Fonte: G1