Comparecer às apresentações na escola, dar atenção e elogiar os esforços feitos pelo seu filho em suas atividades diárias é fundamental para a construção da auto-estima.
Seu filho se esforça para fazer um bom trabalho na escola: recorta, cola, pinta, desenha. Nas datas especiais, passa semanas decorando suas falas para a peça de teatro ou ensaiando uma coreografia. Anima-se e fica ansioso com as competições de natação ou com o jogo de futebol. Mas no final o que ele quer se resume a uma coisa só: a atenção e a aprovação dos pais. Por isso é tão importante prestigiar suas atividades.
"A família é a primeira grande referência das crianças. Toda vez que elas fazem algo e dão o seu melhor, precisam que alguém reconheça a qualidade daquilo que foi realizado. E as pessoas mais importantes durante a infância são os pais", afirma a especialista em educação Maria Cândida Muzzio, diretora pedagógica do Colégio Miró, de Salvador, e formadora de supervisores pedagógicos do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa.
"É muito importante o prestigio dos pais para a autoestima da criança, especialmente quando ela é bem pequena. A sua segurança se forma com grande participação da aprovação dos pais, a partir dos elogios que eles fazem a ela", explica a psicóloga Bernardete Sanchez, do Colégio Paralelo, de São Paulo.
Uma boa autoestima é um caminho para um futuro com mais realizações. "Costumo dizer que a autoestima é sinônimo de destino. Quem tem uma autoestima elevada busca ir mais longe, tem mais segurança sobre seu potencial. Não adianta ter o potencial e não ter a autoestima suficiente para levar esse potencial adiante", afirma ela.
E de que forma os pais podem prestigiar seus filhos? Dedicando tempo, atenção e participando das atividades dos filhos. E não apenas nos momentos de festa. É claro que é muito importante ir às apresentações da escola, mas seu filho também se sentirá prestigiado se perceber que você frequenta as reuniões de pais, porque com isso você estará demonstrando que acompanha e se preocupa com seu desempenho na escola. Veja a seguir algumas dicas para prestigiar mais o seu filho.
Prestigie seu filho todos os dias
Há muitas formas de prestigiar o seu filho. A primeira delas é mostrando seu interesse pela rotina e pelas atividades dele. "Os pais devem se interessar e perguntar, por exemplo: "como foi seu dia?", "o que você fez hoje?", "o que aprendeu com os colegas ou com o professor?". Os pais devem aproveitar esses momentos para conversar com os filhos e mostrar que se importam e que participam da vida deles", afirma a psicóloga Bernardete Sanchez, do Colégio Paralelo, de São Paulo. Mas atenção à forma de falar. Você deve demonstrar que seu interesse é legítimo e que não está perguntando apenas para cumprir um protocolo - sem prestar atenção na resposta - ou com o objetivo de descobrir se ele fez algo errado para depois dar uma punição.
Elogie e explique o porquê do elogio
Da mesma forma, na hora de fazer elogios é preciso ser sincero e mostrar que você de fato se interessou pela atividade feita pela criança. "Muitas vezes noto que os pais comparecem em um evento na escola, olham o material produzido por eles e apenas dizem: "bacana". E nada mais. Dizer apenas isso não é suficiente. Os pais devem deixar claro para a criança porque acharam o trabalho que ela fez bom", afirma a especialista em educação Maria Cândida Muzzio, diretora pedagógica do Colégio Miró, de Salvador, e formadora de supervisores pedagógicos do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa. Ela ressalta que é muito importante dar uma avaliação sobre as atividades dos filhos, dizendo, por exemplo: "Olha como era sua letra antes e agora como sua escrita melhorou", ou "Você era muito tímido mas agora conseguiu se soltar mais". "Pontuar as conquistas dos filhos ajuda para que eles percebam o quanto estão se desenvolvendo", diz Maria Cândida.
Pontue cada esforço do seu filho
Passar de ano, tirar boas notas. Tudo isso é muito bom e deve ser elogiado pelos pais. Mas eles devem prestigiar não só os avanços dos estudos dos filhos, mas também os esforços que eles demonstram para aprender. "Às vezes, a criança não tem uma nota alta, mas tem atitudes que precisam ser elogiadas: persistência, capricho, dedicação, responsabilidade com prazos e tarefas. São atitudes que farão diferença na longa vida de estudante que a criança terá", diz Gabriela Argolo, coordenadora pedagógica na Escola Cidade Jardim PlayPen. Uma criança tem mais capacidade de avançar em seus estudos na medida em que seus esforços são reconhecidos e o resultado, apreciado. "Por isso é importante que os pais participem daquilo que ela está aprendendo e se interessem pelos seus resultados não só quantitativos (notas) como também qualitativos (os esforços e a compreensão do conteúdo em geral)", diz ela.
Participe de reuniões escolares, festas da escola e apresentações
Isso é importante, em primeiro lugar, para valorizar os feitos e as conquistas de seu filho. "E também para dar exemplo de que é importante se integrar, trabalhar em grupo, cooperar na sociedade, se comunicar com as pessoas e participar das relações interpessoais", afirma a psicóloga Bernardete Sanchez, do Colégio Paralelo. Gabriela Argolo, coordenadora pedagógica na Escola Cidade Jardim PlayPen, lembra que a vida escolar da criança é longa e árdua. "Aprender exigirá esforço e muito empenho. Quando participam das reuniões, festas e apresentações da escola, os pais se colocam como parte deste processo", diz ela. Ou seja, além de colaborar para a autoestima do seu filho, a participação nesses eventos ajuda os pais a se integrar melhor com a escola, conhecendo sua cultura e as pessoas que fazem parte desse local tão importante para a vida do filho.
Inclua toda a família nos eventos
Ainda há muita gente que acredita que os cuidados com os filhos - inclusive o acompanhamento escolar - são deveres só das mulheres. "Em pesquisas internas com os pais já observamos que ainda há muitos que acreditam que educar e acompanhar a escola são atividades que cabem apenas às mulheres. Mas isso é um grande equívoco", diz a especialista em educação Maria Cândida Muzzio, diretora pedagógica do Colégio Miró, de Salvador, e formadora de supervisores pedagógicos do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa.
"É fundamental que os dois prestigiem as crianças. Dessa forma ambos vão demonstrar que se preocupam e acompanham o desenvolvimento deles", afirma a psicóloga Bernardete Sanchez, do Colégio Paralelo. Se na rotina do casal for difícil que os dois estejam presentes em uma reunião pedagógica, por exemplo, eles podem combinar de se revezar. Dessa forma a criança perceberá que os dois têm compromisso e atenção com sua vida escolar.
Ensine um irmão a apoiar o outro
Irmãos devem dar apoio um ao outro e devem celebrar as conquistas uns dos outros. Ensinar esses valores é um caminho para driblar crises de ciúmes e para reforçar os laços entre eles. Quando as crianças percebem que os pais dão atenção e prestigiam a ambos também vão aprendendo que não precisam temer "perder o lugar" na afeição deles. "É importante sempre envolver os irmãos nas atividades uns dos outros. Sempre vai haver uma rivalidade envolvendo os irmãos, mas quando um acompanha o outro, participa da sua vida, abre-se espaço para um diálogo entre ambos e isso é muito positivo, inclusive para evitar o desgaste de brigas e desavenças", afirma a psicóloga Bernardete Sanchez, do Colégio Paralelo. "Os irmãos mais novos vão aprendendo a reconhecer os mais velhos como aqueles que podem ensinar coisas", acrescenta Gabriela Argolo, coordenadora pedagógica na Escola Cidade Jardim PlayPen.
Além disso, a opinião e o elogio do irmão tem um peso diferente da dos pais. "O olhar do irmão é o olhar de um igual. A criança sabe que os irmãos vão dizer algo com mais sinceridade, e por isso essa é uma opinião que vale muito", afirma a especialista em educação Maria Cândida Muzzio, diretora pedagógica do Colégio Miró, de Salvador, e formadora de supervisores pedagógicos do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa.
Diga a verdade quando não puder comparecer
Se não puder estar presente em uma apresentação ou atividade do filho converse e explique porque não poderá participar da apresentação, antes. Dar uma satisfação é muito importante para mostrar que a ausência não é um descaso. "O diálogo é sempre fundamental. Os pais devem falar a verdade para a criança. Devem explicar os motivos de não poder participar e deixar claro que nas próximas vezes estarão presentes. Dessa forma a criança vai se sentir acolhida e compreendida na sua angústia", pontua a psicóloga Bernardete Sanchez, do Colégio Paralelo.
Antes de decidir não comparecer, faça uma autoanálise: Você realmente não pode ir ou você não quer ir? É importante que os pais não usem o trabalho como uma desculpa frequente para não comparecer às reuniões ou festas escolares, conforme ressalta a especialista em educação Maria Cândida Muzzio, diretora pedagógica do Colégio Miró, de Salvador, e formadora de supervisores pedagógicos do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa. "É lógico que há vezes em que os pais não podem ir mesmo. Mas percebo que há situações em que o pai usa o trabalho como um argumento para não comparecer porque no fundo ele não tem consciência sobre a importância daquela apresentação ou trabalho para o seu filho. Acha que será um evento chato e desinteressante", diz ela. Maria Cândida ainda coloca outro ponto importante: quando os pais não podem estar presentes, muitas vezes a criança se desmotiva e não quer ir também. "E isso é uma coisa que não pode acontecer. É preciso mostrar para a criança que ela assumiu um compromisso com seu grupo e que fará falta e deixará os outros na mão se não estiver presente", diz ela.
Acolha se ele não foi bem
Prestigiar também é acolher. Se você foi a uma apresentação do seu filho e ele esqueceu as falas ou se saiu mal em uma competição esportiva, o melhor caminho é mostrar que você está ali para dar apoio a ele. "Não há nada que acalme mais que um abraço carinhoso dos pais. Muitas vezes, somente isto basta", diz Gabriela Argolo, coordenadora pedagógica na Escola Cidade Jardim PlayPen. Também é importante conversar com ele, quando houver condições para isso. Pergunte se ele quer falar sobre o que aconteceu, ajude-o a reconhecer os desafios daquela atividade e se possível, conte suas próprias experiências dos tempos em que você estudava.
Mas importante: não minta dizendo que ele se saiu bem. "A criança também tem um senso critico. Os pais devem elogiar por ela ter participado da atividade e devem mostrar a ela que nem sempre se consegue o melhor. Devem se colocar no lugar da criança e explicar que o papai e mamãe também já tentaram fazer algo em alguma situação, mas não ficou legal. E que o mais importante é tentar e que ela pode melhorar", acrescenta a psicóloga Bernardete Sanchez, do Colégio Paralelo.
O retorno honesto é o melhor caminho, conforme diz a especialista em educação Maria Cândida Muzzio, diretora pedagógica do Colégio Miró, de Salvador, e formadora de supervisores pedagógicos do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa: "De uma maneira respeitosa, os pais devem avaliar junto com o filho os motivos de ele não ter se saído bem. E, se for o caso, mostrar se isso aconteceu por falta de compromisso dele, deixando de comparecer aos ensaios, por exemplo", diz ela.
Fonte: Educar para crescer