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02/12/2011 16:40
Trabalho Voluntário
Quando o amor ao próximo fala mais alto
Danillo Arraes é um jovem brasiliense, de 22 anos, estudante do curso de Engenharia de Redes da Universidade de Brasília (UnB), cheio de sonhos, conquistas e amigos. Em 2011, um desses sonhos, o de ajudar o próximo, acabou de ser realizado quando ele teve a oportunidade de fazer um trabalho voluntário no país africano Moçambique. Nesta entrevista, você vai conhecer mais sobre ele e sua aventura que leva educação, cultura e alimento para as crianças órfãs e carentes de outro continente. Para isso, ele abriu mão, provisoriamente, do conforto de sua casa, da Universidade, dos amigos e da namorada, para embarcar nessa louvável missão.
Entrevista concedida à Patrícia Raquel Silva Santana, Tíffany Crispim Domingos e Marcelo Jeann Mendonça de Avelar da Unidade Taguatinga – alunos da 6ª série E.
PATRÍCIA - O que mais te chamou a atenção desde que você chegou à África?
DANILLO- Muitas coisas chamaram a minha atenção. É difícil escolher uma, mas acho que o fato de poder, todos os dias, trabalhar com crianças que vivem em extrema pobreza. Muitas não têm pai, nem mãe, não têm o que vestir, com o que se agasalhar quando está frio, dentre muitas outras coisas. Mesmo assim, elas estão sempre com um sorriso no rosto, irradiando alegria. É com certeza uma lição de vida e nos ensina a ser mais agradecidos por tudo o que temos.
TIFANNY- Você Conquistou muitos amigos? Quais?
DANILLO- Sim, muitos. Antes de qualquer coisa tem a minha parceira Camila, que é brasileira também, e faz o mesmo trabalho que eu. Além dela tem todas as crianças com quem eu trabalho e que mesmo estando aqui há tão pouco tempo já aprendi a amar muito, como o Elizeu, o André, a Izabel, a Selma, a Palmira, a Otília, o Gildo, a Arlete, a Anita e o Pedro. Dentre outros 300.
MARCELO- O que te incentivou a fazer o trabalho voluntário?
DANILLO- Na verdade essa não é uma pergunta simples. Não houve apenas um motivo, mas vários. De qualquer maneira aqui vão alguns deles: a vontade de ajudar o próximo, de querer realizar alguma ação para melhorar o mundo, de buscar uma experiência para mudar a vida, reformular os conceitos. Juntando isso tudo com a vontade de viajar pelo mundo, conhecer novas pessoas e novas culturas.
PATRÍCIA- Do que você mais sente saudade do Brasil?
DANILLO- O Brasil é um país maravilhoso. Eu já sabia disso antes de sair de lá, mas olhando aqui de fora a gente tem mais certeza ainda. Eu tenho saudade de tudo: da família, da namorada, dos amigos, do meu quarto com minha cama confortável (aqui eu vivo numa cabana com teto de palha), da igreja, das coisas que eu fazia lá. Mas eu não deixo que a saudade atrapalhe os momentos que eu tenho vivido, até mesmo porque essa experiência é única e eu não tenho do que reclamar da minha vida aqui na África.
TIFFANY- Como você se sentiu ao ter que deixar sua casa, sua família e amigos para trás e ficar mais de um ano fora?
DANILLO- Esta é a primeira vez que eu saio da minha cidade, de perto de todos os que amo para passar tanto tempo fora. No início, foi realmente difícil, eu telefonava para os familiares praticamente todos os dias. Essa primeira fase é com certeza a pior. A gente só pensa na hora de voltar para o nosso país, para as nossas vidas, mas o tempo vai passando, vamos fazendo novas amizades, vivendo novas experiências e no final conseguimos nos acostumar. Além disso, hoje em dia há muitos meios para não se perder o contato, como a internet. Recebo notícias do Brasil quase em tempo real.
MARCELO- Há quanto tempo você está na África?
DANILLO- Estou há três meses, mas antes de vir pra cá, eu passei seis meses nos Estados Unidos me preparando. Todo o programa tem duração de um ano e dois meses.
PATRÍCIA- Se você pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo?
DANILLO- Sem dúvidas. Eu não cheguei ao final do programa, ainda tenho algum tempo para ficar aqui, mas eu já tenho certeza que assim que surgir outra oportunidade eu volto à África. Pretendo também ser mais ativo em programas semelhantes no Brasil também. É muito gratificante poder fazer o bem, não importa onde.
TIFFANY- Você acha que se mais pessoas fizessem trabalhos voluntários, o mundo seria melhor?
DANILLO- Há muita coisa que ainda precisa ser feita e isso é independente do lugar. Há necessidades na África, no Brasil, na Ásia. Se todos tomassem consciência disso e se dispusessem a fazer algo de bom por outra pessoa, pode até ser um ato pequeno no lugar onde nós vivemos mesmo, tenho certeza que o mundo seria muito melhor.
MARCELO- O que você faz aí na África?
DANILLO- Como eu tenho buscado dar suporte e apoio a diferentes projetos que eu vejo que são benéficos à sociedade local, eu faço várias coisas, mas minha principal tarefa aqui é trabalhar numa escola de primeira a sétima série, cujos alunos são, em sua grande maioria, órfãos. Eu ensino inglês, dou aulas de reforço e cultura e estou acompanhando uma turma de alunos com necessidades especiais.
PATRÍCIA - Como você descreveria a África?
DANILLO- Eu acho que a visão que as pessoas têm da África é um pouco distorcida, quando ouvimos falar em África, logo imaginamos um lugar completamente pobre, sem recursos naturais e com leões por todos os lados. Não é bem assim. Aqui há sim muitas riquezas, o problema é que essas riquezas não estão sendo bem exploradas ou estão sendo roubadas por países mais desenvolvidos. Há muitas belezas naturais, um povo carismático, os dialetos são completamente diferentes das línguas as quais nós estamos acostumados, é com certeza um lugar único que vale muito a pena conhecer.
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