O projeto irmão mais velho busca levar calor humano aos pequenos
Os alunos do ensino médio das Unidades Asa Sul e Taguatinga, do Centro Educacional Leonardo da Vinci, participaram do 17º ENAPA (Encontro Nacional de Apoio à Adoção). Ao todo, cerca de 200 estudantes dedicam parte do tempo para ir visitar as crianças dos abrigos São José, em Taguatinga, e Chico Xavier, no Núcleo Bandeirante. Essa iniciativa da escola existe há quatro anos e é intitulada como “Projeto Irmão Mais Velho”. Fernanda Sandoval, 16 anos, faz parte dos voluntariados e diz que participa com prazer desse projeto desde 2011.
As crianças dos abrigos estão afastadas do convívio familiar por medida de proteção. No ENAPA, que ocorreu no Hotel Nacional, de 7 a 9 de abril, foi formalizado um pacto nacional “Unir para cuidar”, onde o desafio é fazer com que todas as crianças e adolescentes possam fazer parte de uma família.
Fernanda constata que tem uma vida muito boa e que não sabe o que é viver com pouco, como muitos que participam do projeto. De acordo com a jovem, as crianças mostram que é possível viver e ser feliz com pouco. “Tudo o que eu posso dar para elas é carinho, amor, e elas recebem isso muito bem. Você chega em casa e abraça sua mãe, eles não têm isso. Você começa a valorizar as coisas pequenas”, reflete. Fernanda diz ainda que o que a motiva, além de adorar crianças, é o fato de aprender muito. “Eles passam uma coragem para gente ir atrás do que a gente quer, porque eles não têm nada de maneira fácil”, argumenta.
A orientadora do ensino médio da Unidade de Taguatinga e também voluntária, Sandra do Couto, diz que o número de voluntários triplicou na Unidade desde o ano passado. Ainda, segundo ela, há um envolvimento muito grande dos alunos durante as visitas quinzenais. “Não levamos nada material. Tudo o que a gente leva é calor humano”, enfatiza. A coordenadora explica ainda que os voluntários passam por um treinamento com palestras, oficinas.
A presidenta do Aconchego Soraya Kátia Rodrigues Pereira faz esse acompanhamento dos alunos voluntariados. “Eles vão entrar em contato com crianças que têm um mundo totalmente diferente do deles”, comenta. De acordo com Soraya, as crianças que eles visitam estão em situação de acolhimento e muitas delas nunca tiveram o contato, nem sabem o que é uma família. “É importante que eles [os alunos] saibam as características dessas crianças, o porquê delas estarem ali e o que é o serviço de acolhimento”, afirma.
Os voluntariados ficam responsáveis por fazerem brincadeiras, dinâmicas e cantar músicas em contato com crianças de todas as idades, desde bebês até adolescentes. Eles investem no que podem fazer dando um suporte afetivo. “É uma brincadeira que tem o objetivo sério de estimular, ajudando a desenvolver a parte cognitiva, a parte da escrita, a parte afetiva e interpretativa”, explica a presidenta.
Em resposta a esse estímulo, as crianças que recebem o carinho e atenção dos jovens voluntários começam a ter desejos, a se sentirem acarinhadas, olhadas, e passam a fazer parte de uma realidade mais feliz. Da mesma maneira, aqueles que levam carinho a elas ganham um senso diferente de vida. Passam a dar mais valor à família, a terem mais compaixão.