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01/12/2011 09:33
Agulha ou linha, eis a questão?
No 4º período, as professoras dos 8ºs anos, Adriana Cardoso, Aline Torres, Emily Carvalho, Gilda das Graças e Janaina Castro, apresentaram aos estudantes um pouco sobre a vida e obra de Machado de Assis – considerado o maior nome da literatura nacional. Analisaram o texto “Um apólogo”, escrito em meados de 1874, destacando as características desse gênero textual.
A história do conto é protagonizada por uma agulha e um novelo de linha, alegorias a simbolizar, respectivamente, o trabalho árduo da primeira e o oportunismo da segunda. Já no plano da realidade, surgem as personagens: a costureira e a baronesa, envolvidas na confecção de um vestido que a ama irá estrear logo mais à noite. O diálogo entre a agulha e a linha explicita o motivo da rivalidade de ambas: cada uma se vê mais importante do que a outra no trabalho de confecção dos vestidos da baronesa - a agulha, porque fura os panos e puxa a linha; a linha, porque segura os panos e modela os vestidos. Ao final, quem vai ao baile dançar com ministros e diplomatas é a linha, enquanto a agulha, triste e solitária, fica esquecida no fundo da caixa de costura. Vem despertá-la o alfinete, que lhe dá uma lição de vida: “Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam fico”. O apólogo acentua o sentido pedagógico da escola, contribuindo para a formação do leitor.
O trabalho sugerido foi primeiramente uma discussão aberta e em grupo a respeito da narrativa e da personificação de valores e comportamentos humanos retratados na obra e, em seguida, os alunos produziram seus perfis - textos poéticos em prosa ou verso - expressando-se através das personagens e dos elementos do apólogo, levando-os a agir de maneira diferenciada.
Aprecie algumas das produções selecionadas.
Viver é e sempre será um mistério
Meu eu é um mistério
Sempre um vir a ser
Só mais um critério
De como teço minha vida
Sem ilusões, sem arrependimentos.
A vida é uma aventura
Hora certa de ser uma agulha
Ou uma linha sem amargura
Uma oportunidade de ser linha
Uma oportunidade de ser agulha.
Meu caminho sou eu quem faço
Abrindo-o sozinho, mas ao mesmo tempo
Só mais uma alegria
Cheia de oportunidades para uma decisão só minha
Preenchendo ou abrindo, a vida é só mais um critério misterioso.
Alexandre Bonfim - 8º ano, Turma A - Taguatinga
Quem, na verdade, sou?!
Foi lendo Machado de Assis que eu me confundi, de uma maneira que me fez pensar. Não sei mais se sou linha, alfinete, agulha ou se sou a costureira. Não sei mais onde é o meu lugar.
Às vezes, sou amiga até demais, abro espaço e oportunidades para muitas pessoas e depois “saio me gabando”. Assim, sou agulha, metida que só ela.
Outras vezes, sou chata, quieta, mal educada e sem ideias boas para fazer o bem aos outros. Assim, sou alfinete, uma pessoa egoísta.
Tento remendar meus erros, tento voltar atrás, quando conserto, arremato e prendo em um nó a ponta que ficou e, assim, me torno linha.
Mas o que mais me orgulho é de trabalhar com todos os objetos juntos, fazendo no final uma bela obra de arte, a qual posso mostrar às pessoas e dizer com alegria que fui eu quem a fiz. No final, me torno a costureira mais cobiçada pelas damas do reino.
Giovana Azevedo de Vasconcelos – 8º ano, Turma C - Taguatinga
Cosendo a Vida
Tornou-se tudo aquilo que nunca quis ser. Inveja, vingança, todos os sentimentos ruins. Afinal, ninguém é perfeito. Sou agulha quando insisto, faço birra e só enxergo a parte ruim das pessoas ou situações.
Não sou orgulhosa ou faço papéis importantes, todavia, às vezes, vejo-me como a linha solitária. No meu canto, procuro evitar confusões. Sou calma até ser incomodada. Só quero um pouco de paz.
No final, somos todos manipulados. Agulha e linha. Eu e você. Prudente, sagaz, necessários, ingênuos demais para tomar as próprias decisões; arrogantes o suficiente para não admitir.
E assim vamos em frente, seguindo o padrão.
Cosendo a vida.
Ana Paula Chagas – 8º ano, Turma C – Unidade Sul
Essa sou eu
Ser indecisa é o meu passatempo favorito
Posso ser tudo e nada.
Não gosto de coisas pela metade,
Se quero, quero por completo.
Sou orgulhosa e humilde.
Abro caminhos, mas também sei coser.
Agulha e linha...
Meu mundo gira ao redor da bipolaridade.
E assim vou seguindo meu caminho
Caindo e tropeçando.
Aprendendo a levantar
E construindo meu próprio vestido.
Renata Lima de Oliveira – 8º ano, Turma F – Asa Norte
Defeitos
É complicado se descrever,
Mas é fácil ver nos outros.
Os defeitos parecem ser
Os maiores pesadelos soltos.
Eu não aceito perder
Como a agulha da história.
Eu me orgulho sem saber
Que estou aumentando minha glória.
A linha, enfim,
Parece ser como eu:
Só confio em mim
Sem abrir mão do que é meu.
No final, vou pensando
O que devo mudar.
Só imaginando
Como minha vida vai passar.
Gisele Sanda – 8º ano, Turma B - Unidade Norte
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