Professora Fernanda Bérgamo explica todos os detalhes da prova.
Uma turma do ensino médio que se prepara para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem muitas dúvidas, principalmente sobre a prova de redação. Veja as dicas que a professora Fernanda Bérgamo preparou para a aula do Projeto Educação desta sexta-feira (21).
“A diferença entre um texto dissertativo e o dissertativo-argumentativo é que o texto dissertativo é meramente expositivo. E o argumentativo exige de você um posicionamento. Você tem que emitir a sua opinião sobre o tema. Mas também precisa lembrar que não precisa emitir a sua opinião de forma pessoal, a ponto de usar o ‘eu’. Nada de ‘eu acho’, de ‘a minha opinião é’. Você tanto poderá usar a terceira pessoa do singular para expor essa opinião, como pode e deve de forma muito moderna e contemporânea, usar a primeira forma do plural, ‘nós’. Ao usar ‘nós’ na sua redação, você está falando pela juventude brasileira. Você está falando com os jovens na sua condição social, na sua faixa etária –e isso é exigido no texto argumentativo-dissertativo”, explica.
No Enem ganha pontos o aluno citar outras fontes.
“Queria saber se as alusões históricas são tão importante quanto as citações de autores famosos”, pergunta a estudante Yasmin Leiros.
“Alusões históricas são fundamentais no texto. Claro que você escreve um bom texto sem elas, mas se você tiver oportunidade de apresentar alusões históricas não abra mão disso. Vocês têm aula de história durante toda a vida escolar, e às vezes um tema faz você pensar lá trás. O racismo tem como base a escravidão. As alusões históricas são muito poderosas, porque além de você valorizar a história, você mostra capacidade de contextualização. Elas são tão ou até mais valiosas do que algumas citações”, acrescenta Bérgamo.
Outra grande dúvida é como começar o texto.
“Eu gostaria de saber se eu posso terminar a minha redação com uma pergunta”, diz o estudante Ezaul Ezequiel. “E eu posso começar com uma pergunta?”, questiona a estudante Priscila Deyse.
“Começar a redação com uma pergunta é sempre uma excelente estratégia de introdução. A pergunta tem de ter a ver com o tema, vai tomar como base a sua opinião sobre ele. Ela desperta a curiosidade de quem lê o texto. Você tem a pergunta bem elaborada na introdução e tem todo o desenvolvimento para desenvolver e provar que a resposta merece credibilidade. Já no final do texto a pergunta pode aparecer, mas você precisa tomar alguns cuidados. O primeiro é garantir que a pergunta não é retórica, aquela que todo mundo sabe a resposta. Então, se isso acontecer, a pergunta está ali para ‘encher linguiça’. É horrível. E segunda preocupação é: você pode terminar com uma pergunta desde que o seu texto tenha dado condições ao leitor de respondê-la, apresentando discussões e argumentações sobre o tema”, conta a professora.
“Eu queria saber qual a relação do título com a redação”, pergunta Taiza Souza.
“Faça um rascunho da redação. Se o seu texto der uma boa ideia pro título, pronto, o título saiu da sua redação. Se terminou o rascunho e não teve ideia nenhuma, coloque o tema como título e está ótimo. E não coloque o título com a letra maior do que a do resto do texto. Não use uma letra diferente. Não sublinhe o título. Não coloque aspas desnecessariamente. Se tiver a palavra ‘título’ e dois pontos, não coloque o título no centro, coloque-o logo após os dois pontos. Mas se a prova for somente a caixa com somente as linhas, centre o título na primeira linha. Você pode ou não pular uma linha para começar a sua redação. No Enem o título é facultativo. Você pode colocá-lo ou não”, esclarece Fernanda Bérgamo.
E o que tira o sono de muitos estudantes é o tema da redação.
“Você tem de escrever sobre o tema. Mas um risco que muita gente aqui corre é quando você pega um subtema e se distancia da discussão principal. Preocupem-se em que cada parágrafo o tema esteja explicitamente presente para que você não saia desse trilho. O tema e a redação são um trilho de um trem. Cuidado para não sair dele”, declara a professora.
E quando o estudante erra. Como fazer?
“Como eu posso fazer para evitar as rasuras”, pergunta o estudante Paulo Henrique.
“O que você não deve fazer é riscar a palavra ou expressão que você pretende eliminar. Uma maneira de minimizar o desconto da rasura é através do chamado ‘band-aid’. É quando você coloca a palavra ou expressão entre parênteses e passa um traço simples sobre ela. Não são dois traços e não é riscar, porque senão você faz uma rasura”, finaliza Bérgamo.
Fonte: G1