28/05/2012
Projeto que simula o trabalho desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU) mobiliza 430 alunos de colégio particular da capital em três dias de evento
Enquanto muitos adolescentes esperam ansiosos a chegada do fim de semana para descansar, sair para balada e jogar videogame, um grupo seleto de jovens estudantes se reúne para discutir os problemas mundiais. Na quinta edição da OnuVinci — projeto que simula o trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU) —, iniciada na última quinta-feira e encerrada no sábado, 430 alunos trabalharam em diversas comissões temáticas. Os grupos reuniram jovens do 8º e 9º anos do ensino fundamental e também do ensino médio.
A simulação aconteceu no colégio Leonardo da Vinci de Taguatinga em quase 30 horas de trabalho distribuídas ao longo de três dias. Cada sala representou um dos sete comitês temáticos que discutem temas como direitos das mulheres no Oriente Médio, novas fontes de energia e Lei da Ficha Limpa. Os assuntos foram analisados em diversas sessões e, ao fim, os países, representados pelos alunos, definiram soluções para cada demanda. Antes disso, porém, muita coisa aconteceu. Os jovens precisaram fazer alianças, entraram em conflito e tiveram de traçar estratégias para resolver as questões.
Quem vê Ricardo Lobato, vestido com roupas de executivo, nem imagina que ele ainda está no ensino médio. Em 2012, ele representa, com muita seriedade, o Reino Unido no Conselho de Segurança. Com 17 anos, essa é a quinta vez que ele participa da OnuVinci. Fora do colégio, já integrou equipes de outras quatro eventos que fazem esse mesmo tipo de simulação. “Meu sonho é cursar relações internacionais e trabalhar na sede da ONU da Suíça.” Ricardo não tem dúvidas de que esses trabalhos vão ajudá-lo a conquistar sua meta.
João Victor Bião tem 14 anos e está no 9º ano do ensino fundamental. Pela primeira vez na OnuVinci, ele não conseguia esconder o nervosismo ao representar a Rússia na difícil decisão a respeito da criação do Estado Palestino. “Nas comissões, precisamos apresentar o posicionamento real do país sobre o assunto. Cada aluno leva uma visão divergente, são dias de muita discussão e esforço”, explica. Antes mesmo de começar a simulação, João Victor fez alianças com outros alunos que representavam a China, o Irã, a Palestina e o Líbano para garantir uma posição soberana. O jovem ainda não se sente confortável usando roupas formais, mas admite que talvez tenha que se acostumar, já que as profissões que pretende seguir — medicina, relações internacionais ou economia — vão exigir uma aparência mais séria.
Ana Carolina Fonseca, 17 anos, quer estudar jornalismo. No ano passado, ela trabalhou na agência de comunicação da Sinus como repórter e se apaixonou pelo trabalho. Na OnuVinci, ela repete a função: é uma das 30 profissionais da equipe que faz o jornal do evento. “Essas simulações são como um test drive, me deram a chance de experimentar o jornalismo antes mesmo de entrar na faculdade.”
Diferencial
Um dos idealizadores da ação é Farid Aguiar. Ao lado de outros nove professores de geografia, ele está à frente do grupo, organizando um batalhão de jovens interessados em temas como direitos humanos, saúde e segurança. “Numa simulação como essa, os meninos ganham visão de mundo e conhecimento que não aprendem em sala de aula”, conta. Satisfeito, ele lembra de muitos jovens que escolheram a profissão por causa da Onuvinci. Para o educador, há uma diferença nítida entre quem participa e os que preferem ficar de fora de eventos como esse. “A postura deles muda em sala de aula, ficam mais comprometidos.”
A primeira edição da OnuVinci ocorreu em 2007e contou com apenas 30 alunos do ensino médio do colégio Leonardo da Vinci da Asa Sul. Os estudantes gostaram tanto da experiência que, no ano seguinte, a procura quadruplicou e o projeto foi expandido para que as demais unidades (Asa Norte e Taguatinga) pudessem participar.
Feito gente grande
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas (Sinus)
É organizada por alunos do Instituto de Relações Internacionais da UnB há mais de 10 anos.
Qualquer estudante do ensino médio pode participar. A Sinus acontece uma vez por ano.
Modelo Internacional do Brasil (MIB)
Recebe apenas alunos que se destacaram em participações prévias em outros eventos do gênero. Reproduz diversas ações dos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo brasileiros.
Politeia
Simulação do trabalho desenvolvido na Câmara dos Deputados para alunos do ensino superior. É organizada pelo Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB).
Americas Model United Nations (Amum)
Primeiro projeto de simulações da América Latina. Todo o processo é realizado em inglês. Foi criado por alunos de Relações Internacionais da UnB.
Fonte: Correioweb
http://www2.correioweb.com.br/euestudante//noticias.php?id=29609